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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Valor de ferramentas, terceirizações, produtividade, etc

"The minimum amount of knowledge required for the task to be carried out with an acceptable degree of success."
Foto Edward Bilodeau

Valor de ferramentas, terceirizações, produtividade, etc
05/10/2009

Revisando alguns posts, estava observando este, de 2003, em que debatiamos alternativas para continuidade de sistemas desenvolvidos em Clipper.

O resultado, foi que comentamos sobre qualidade de serviço, terceirizações, além é claro, sobre o valor das coisas.

Segue-se mais um post, que colocarei aqui mais tarde, para deixar claro que não estou dizendo que grátis é ruim, muito pelo contrário.

O que estou dizendo, é que tudo tem valor e devemos cuidar de como encaramos isto.


Esta mensagem foi postada no excelente fórum Clipper-Br do Yahoo Groups, dedicado a linguagem Clipper e linguagens do padrão xBase.


Data: Qui Jun 5, 2003 2:33 pm
Assunto: Re: X-HABOUR p/Gilberto

Carlos. escreveu:

porém vc não consegue desenvolver nenhum tipo de trabalho de alta
qualidade sem que ele receba críticas.

Pura verdade.

Sandro escreveu

objetos do xBase++. Inconvenientes do xBase++: é pago, caro e ....
.......

Ôôôpa!!!

Seguem meus comentários:


O fato de ser PAGO é justamente um critério que permite que as pessoas que estão trabalhando recebam pelo seu serviço e possam no mínimo sobreviver. ISTO É UMA QUESTÃO ÉTICA, que é justamente assegurar as pessoas que recebam uma justa renumeração pelo seu trabalho. Posições públicas de que este ou aquele software é ruim porque é "pago" induzem mais ainda, aos MAUS empresários, aos que tem visão "limitada" e aos espertalhões em geral, de que podem exigir que os outros trabalhem de graça ou por valores abusivamente baixos.

Caso você não saiba, hoje em dia muitas empresas oferecem serviço "temporário", sem nenhum vínculo legal, nem estabilidade, nem horas extras, pelo mesmo que se paga para, por exemplo, um cobrador de ônibus, que é também uma profissão digna como todas as outras.

Isto é muito ruim, pois as empresas PERDEM muito mais do que pensam ridiculamente estar economizando, pois trabalhadores temporários não geram algo importante que é conhecido por "CULTURA EMPRESARIAL".

O know-how vai embora todos os meses pelo ralo da economia mal feita.

Se você tirar o açúcar, o café fica uma droga né? Além disto, algums empresas além de fazer a nociva "economia de cafezinho", fazem pior, fazem "economia de água".

Alguns resultados disto:
  1. o conhecimento é perdido e tende a surgir uma desorganização constante. Mesmo pequenos padrões são difíceis de manter e perdem-se a cada mínima mudança na equipe.
  2. na sua maioria, os profissionais não vão fazer tudo que sabem ou poderiam;
  3. não se desenvolvem realmente muitas técnicas novas;
  4. não vai existir empenho nem motivação em alguém que sabe que vai ser descartado;
  5. é uma prática predatória, portanto, fatalmente vai extinguir sua fonte.

Ferramentas pagas, ajudam a lembrar aos seus usuários, que os técnicos também são pagos. E também que a formação técnica, como treinamento, atualização e disponibilidade de recursos para aprendizado é responsabilidade das empresas e não apenas dos funcionários. Ou por acaso alguém é maluco para comprar por conta própria uma instalação completa de algum DB só para aprender como funciona e depois dar "de grátis" para empresas que não valorizam o trabalham e pagam mal?

Grandes empresas migram para Linux e outras ferramentas, porque é "de grátis". Depois seus diretores compram um terno Giorgi Armani novinho, fazem declarações modernistas lindas de morrer (de rir) na revista Info, Exame, ComputerWorld, etc enquanto reduzem o salário e despedem programadores e analistas achando que eles também devem trabalhar de graça.

Minha posição sobre software "de grátis" é amplamente pública: 
Se não tiver alguma renumeração DIGNA para quem faz e quem mantém SOU CONTRA. 
 
Isto inclui xHarbour, Linux e tudo o mais. Tudo bem que existam alguns laboratórios com "alguma" verba governamental, mas daí a não terem uma responsabilidade de gerar resultados reais, ou seja, gerar seus próprio sustento, acho muito preocupante.

Sabem por que nos países desenvolvidos Empresários (com "E" maiúsculo) investem pesado em projetos e pagam bem suas equipes?

Simplesmente porque vivem do que fazem e seus projetos visam lucro e desenvolvimento de empresas.

Quem é que vai fazer algo assim se a empresa que trabalha não precisar gerar lucro nenhum? Se o café da manhã sempre for servido na cama, a pessoa nem se levanta mais e suas pernas atrofiam.

E não, note bem, não tenho dinheiro para pagar por todas licenças de software que gostaria de ter, por isto:
  1. uso só as que posso.
  2. uso as que estão compartilhadas no mercado e que servem também como promoção de seus autores. Está de uso corrente uma versão limitada que é free e outra que é paga, o que ajuda a manter o negócio andando.
  3. sempre presto créditos a tudo que uso. É o mínimo que posso fazerpara retribuir.
  4. considero que parte de meu trabalho assalariado é ajudar a manter estas ferramentas. Ou seja, a empresa me paga para prestar colaboração no mercado.

Foto: PaDumBumPsh

Uma coisa é termos ferramentas elaboradas com a participação de milhares de pessoas, em regime de colaboração e assistência mútua, levando ao crescimento coletivo.

Agora, outra coisa totalmente diferente é alguém dedicar-se em tempo integral para algo que é entregue sem qualquer renumeração. Vai viver de que? Papai e mamãe vão sustentar toda vida? Empreguinho que titio e padrinho querido arrumaram passando por cima de todo mundo?

Veja, nem todo mundo tem a possibilidade de estar, por exemplo, literalmente "mamando" numa empresa estatal para sair por ai fazendo propaganda do software livre, quando tem seus salários gordinhos assegurados por conta de impostos cobrados das empresas (coitadas) que tem de vender e (conseguir) receber pelos seus trabalhos. Além do que, estando assegurados pelo concurso público, alguns não se importam em tratar realmente mal os coitados dos clientes que eventualmente a empresa tenha. Qualquer problema, o governo paga a conta (ou seja os impostos cobrados...)
Claro que boa parte do pessoal do funcionalismo público é boa gente, mas não sou cretino para negar que o lixo continua todinho lá, atrapalhando quem tenta trabalhar direito.

Por favor, sugiro que repense nestas palavras, pois eu realmente não posso trabalhar de graça para ninguém. Cada vez que faço isto, a energia elétrica é cortada, falta comida na minha geladeira, eu não posso comprar sequer um sapato.

Eu adoro ensinar as coisas que sei, colaborar com os demais e me entusiasmo ao desenvolver coisas novas e sofisticadas, mas de graça, eu só mostro uma fração do que sei e posso fazer. Colaboro aonde posso, mas tenho sempre a visão de que este é meu trabalho, minha fonte de sustento, portanto, preciso fazer  propaganda e mostrar um pouco do que faço para os demais.

Quanto a ser caro, tem preço para tudo. Já comentei uma frase que vi na correspondência de uma grande empresa estrangeira que explicava que:
 "a BMW não baixa o preço se você só tem dinheiro para comprar um Chevette."


Nota:
Meus comentários são minha opinião e não refletem opiniões e/ou ideais do meu empregador.



.'.

1 comentário:

Anónimo disse...

No Brasil também tem "culpa" em parte são os clientes (normalmente também empresas) que não querem pagar pelo preço de algo de qualidade, afinal "o que está por trás não interessa"... Clientes pensam em software como qualquer outra coisa que tenham que comprar, onde indo no Supermercado X vão encontrar a "mesma" coisa, só que mais em conta...

No final quem paga o pato é o desenvolvedor / técnico. Um super-herói no final da cadeia tendo que sustentar muitos em suas costas.
Qualquer problema é só trocar por outro mais barato recém-saído da faculdade.