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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Carla Perez - Trash ou Cult

No blog do Heu, um dos melhores sobre filmes, tem uma crítica muito engraçada sobre um filme da Carla Perez. Será um filme trash ou uma atrocidade?
Amem ou odeiem! Quer dizer, nem tanto. Tem seus defeitos propositais ou não.
E as questões que não calam.

Veja a análise do filme no site Blog do Heu - Cinderela Baiana (e volte aqui).

E agora segue meu comentário a respeito de Cinderela Baiana comentada pelo Helvécio Parente.
 
Bem, por que essa discriminação com a Carla Perez?
Vejamos por partes, como diria Jack o Estripador.
Dançarina melhor? Olha Helvécio, o filme é sobre uma dançarina de AXÉ, um ritmo muito popular naquelas bandas. Então nada mais natural que a música seja Axé.
E fique feliz porque não colocaram forró, daquele de verdade que toca lá em cima.
Fazendo um parenteses: Morei lá na época que a boquinha da garrafa estourou em todo país. E apesar da brincadeira, muitos se escandalizaram por esse Brasil afora… muitos? NÃOOOO… lá em Salvador sentar na boquinha da garrafa era uma das coisas mais inocentes que se ouvia nos rádios. Coisas que deixariam o funk de morro carioca vermelho de vontade de entrar na farra.
E tinha o forró, aí a coisa pegava mesmo, tipo "rala o teu treco aqui atolando a garrafa para entrar mais a cadeira que entrou antes..." era coisa pouca.
Tem outros músicos por lá? Tem sim. Adivinha o que boa parte deles ouvia nas horas de folga? Axé e forró.
Parece que até o Robertinho do Recife não encara umas boas farras.
Gilberto Gil? O cara tá lá no palanque oficial quando tem aqueles muitos carnavais. Esse cara merece respeito.

Voltando para a estória.
Tem demagogias? Tem. Eu vi essas crianças de braços estendido na beira da estrada emquanto carros e ônibus passam e jogam moedas, pacotes de biscoito, qualquer coisa. É um semi-árido, não tem nada além da poeira. Gente, miséria mesmo, em todos níveis.
Aí vem patricinha criada no bom e do melhor dizer que criança não tem que fazer isto e aquilo? Vão a merda suas putinhas de sabonete francês, só muda o preço. A maioria de vocês não tem coragem de ir lá ver como é e ficar muitas horas convivendo com eles, não é só passar ligeirinho numa van de turismo. Primeiro vão viver numa casa sem muitos de empregados, nem papaizinho pagando todas contas e o colégio fora da realidade. Qualquer um que more em zona rural, ou que tenha uma família um pouquinho estruturada sabe que café da manhã não é buffet, e que ajudar em casa, ajudar a cuidar de si e dos outros mesmo que seja lavar a louça, varrer a casa ou alimentar as galinhas faz parte do ritual familiar. Exploração é outra coisa bem diferente. Claro que existe, mas saiam de seu aquário, o mundo é muito maior. Vão lavar sua própria roupa incluindo suas calcinhas e aprendam a cozinhar algo decente (nada de Miojo e muito menos tele-entrega) para a família toda que está trabalhando.

Voltando ao filme.
Cinderela, bem, aí o privilegiado roteirista deve ter tentado fazer uma sátira anti-Disney desmistificando a coisa. Ao representar uma pessoa mais humilde que tenta a sorte e consegue crescer muito rápido (a questão da idade é uma representação simbólica entendeu?), ainda fica a constatação de que o exterior nem sempre acompanha o crescimento interior e os conflitos e aprendizados que foram atropelados numa adolescência que foi incomum.

E como é que pode dizer que os caras são péssimos? Meu, olha aqui. Um bando de caras profissionais vão fazer um monte de cagada assim? Lembre que a Carla, que é realmente uma pessoa simpática, simples e muito carismática, não é uma atriz shakesperiana porra! Provavelmente eles procuraram fazer algo mais informal, típico de várias linhas do cinema cult francês.

E voltando a questão da “dançarina”, queria quem? Alguma elitizada bailarina russa? Mas báh que barbaridade! Dançarina de Axé não tem que saber só rebolar! Tem que ter aquele carisma e contato com o público. Estes grupos fazem sucesso primeiro de tudo e só se mantém se tiverem contato muito próximo do público. Olho no olho. Assistir na TV é uma coisa. Estar perto, e ter a interatividade é outra.
Tanto é que em Salvador, estes grupos fazem do ensaio um evento público, com 3.000, 4.000, as vezes 10.000 pessoas e claro que cobram ingresso. É uma farra, todo mundo ensaia junto e interage com os artistas.

O filme infelizmente vai perder muito deste processo. Talvez aí que tenha ocorrido a sensacional “sacação” do diretor, ao colocar alguns pontos de som fora de sincronia, propositadamente! É sim, isto é uma figura representativa de uma analogia simbólica que nos remete a lembrança de que nem sempre o que somos, falamos e fazemos, é entendido da mesma maneira pelos demais!

Sei que o Helvécio fez uma sugestão filosófica ao falar do Raul Seixas, pois se numa festa de Axé alguém gritar “Toca Raul”, iria ser algo muito interessante, no mínimo. Sim, pois seria bem capaz da banda sair tocando mesmo, aliás, já ocorreu isto algum tempo atrás, em ritmo de Axé!!! E poderiam atualizar a letra! Metamorfose Ambulante poderia virar um acessório para fisting gigante no aconchego do leãozinho do Caê que trocaria e invocaria a lua do “seu Jorge” para o Caimmy abençoar a Carla e sua troupe.

Bem, o tempo curto me impede de uma melhor disgressão, mas enfim, reclame o que quiser, este filme é uma obra que até pode ser considerada trash, mas só se for como “Hors Concours”!!! (rssss)

Ah sim, esqueci de completar sobre a questão da criança com a gaiola de passarinhos:
Lembremos que sendo uma pessoa simples, mesmo que alcance nacional, a Carla ainda assim vai ser colocada para representar campanhas que nem sempre ela tenha o mesmo alcance e entendimento.
Mas por ter contato desde cedo cedo com populações mais carentes (no interiorzão da Bahia tem coisas de chorar por compaixão, os cariocas que não reclamem), acho que ela também representa parte deste sonho de muitos de ter realmente uma vida melhor.
A maioria não vai ter o que fazer, não podem soltar os passarinhos e detestam ficar pedindo esmolas. Mas não é culpa do governo. A culpa, é de cada um que deixa de fazer o seu pouquinho de todo dia para melhorar o mundo.

Só podemos mudar a nós mesmos, um de cada vez. E desde cedo, a Carla ajuda muitas famílias. Pode não ser uma daquelas lindas instituições de entediados riquinhos desocupados que funcionam em prédios lindíssimos e gastam fortunas em propaganda. Mas um prato de sopa sincero pode ser melhor que muita propaganda bonitinha de alguma fundação ou ONG que na verdade só está ajudando os amigos publicitários a faturarem uma grana preta. Ou no mínimo, ter árvores frutíferas, inclusive na beira da calçada ou plantando em toda parte para quem quiser pegar, começando pelos pássaros.

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